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Prêmios

1994: Prêmio da Paz de Aquisgrano
1995: Robert F. Kennedy Prêmio de Direitos Humanos
1999: Prêmio da Fundação Friedrich-Ebert dos Direitos Humanos
2014: Prêmio Nobel da Paz, em conjunto com Malala Yousafzai
No dia 20 de novembro comemora-se em muitos lugares do mundo a “Dia Internacional dos Direitos das Crianças”. Um tema de enorme importância que é fundamental que em todos os estabelecimentos de ensino dos diferentes níveis, seja tratado e estudado, realizando atividades educativo-didáticas variadas, lúdicas, artísticas, informativas, etc. Ademais, no dia seguinte, 21 de novembro, é a “Jornada Mundial da TV”, e o 25 celebra-se o “Dia Internacional contra a violência de género”. Para refletir sobre estes importantes temas, dentro da série dedicada aos grandes vultos da humanidade, escolhi uma personalidade indiana que mereceu em 2014 o Prémio Nobel da Paz. De nome Kailash Satyarthi, nascido em Vidisha, perto da cidade de Bhopal, no estado indiano de Madhya Pradesh, a 11 de janeiro de 1954.Com o depoimento que lhe dedico completo o número 75 da série que iniciei com Sócrates.

Kailash Satyarthi começou a sua carreira como engenheiro, mas aos 26 anos decidiu que o seu projeto de vida ia ser outro: combater o tráfico de crianças e o trabalho infantil na Índia. Kailash Satyarthi, um ativista desconhecido em muitas partes do globo até hoje, comparado com outro grande nome do seu país, Mahatma Gandhi, ganhou o Prémio Nobel da Paz do ano 2014, junto com a jovem paquistanesa Malala. Já salvou mais de 85.000 crianças. Mas, afinal, quem é este homem? Satyarthi nasceu há 64 anos na cidade de Vidisha, localizada a cerca de 50 quilómetros de Bhopal. Estudou engenharia numa faculdade pública, mas aos 26 anos descobriu a sua real vocação. “A minha família queria que eu fosse um engenheiro, mas eu não. Estudei para isso porque eles me pediram. Mas este trabalho com as crianças: eu tinha de fazer isto”, explicou numa entrevista, que foi publicada no seu dia no jornal indiano The Times of India. Ele é pai de duas crianças e mora em Nova Deli.

Há quase 39 anos, desistiu da carreira de engenheiro eletrónico para fundar o movimento Save the Childhood (Bachpan Bachao Andolan (BBA), nome original), que tem como objetivo eliminar o tráfico de crianças e trabalho infantil na Índia. Noutra entrevista ao mesmo jornal antes citado, Kailash Satyarthi afirmou: “A minha filosofia é que eu sou um amigo das crianças. Não penso que ninguém as deva ver como objeto de pena e caridade. Isso é uma retórica de pessoas antiquadas. As pessoas associam, muitas vezes, comportamento infantil com estupidez: isto tem de mudar. Algo que eu posso aprender das crianças é a transparência. Elas são inocentes, diretas e não têm preconceitos”. Satyarthi admira Mahatma Gandhi e, tal como o seu ídolo, já liderou vários protestos pacíficos “contra a exploração das crianças para ganhos financeiros”, contou no seu momento o comité do Nobel. “A honra é para todos os cidadãos da Índia. Continuarei o meu trabalho pelo bem-estar infantil”, afirmou o ativista, na reação à notícia de outorgamento do prémio, frisando que “a pobreza não deve ser utilizada como desculpa para continuar a existir trabalho infantil”.

Ainda noutra ocasião, Kailash Satyarthi afirmou numa entrevista publicada no jornal Hindustan Times: “Há uns anos, quando começamos a BBA, apercebemo-nos que para combater o trabalho infantil e tráfico de crianças tínhamos de atacar a fonte do problema: as aldeias, dado que 70% das crianças que trabalham provêm das aldeias. Então, decidimos criar um ambiente onde as crianças podem ir quando retiradas dos locais de trabalho, onde podem frequentar a escola, expressarem-se e assegurar que as autoridades as ouvem.” A BBA criou uma série de “aldeias modelo” nas quais as crianças não são exploradas e são incentivadas a debater temas de direitos humanos, sinala o jornal The Telegraph. Desde que surgiu este conceito em 2001, a BBA transformou 356 aldeias em “amigas das crianças” ao longo dos 11 Estados da Índia. As crianças que moram nestas aldeias vão todos os dias à escola e participam na governação local através de grupos de debate e movimentos juvenis. A BBA também trabalha para assegurar que as crianças até aos 14 anos tenham um acesso grátis e de qualidade à educação – que as escolas tenham, por exemplo, infraestruturas adequada às raparigas para que estas não desistam dos estudos.

DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS:

O Dia Internacional dos Direitos das Crianças é comemorado todos os anos a 20 de novembro. A origem é bastante clara e significativa: foi a 20 de novembro de 1959 que se proclamou mundialmente a Declaração dos Direitos das Crianças e a 20 de novembro de 1989 que se adotou a Convenção sobre os Direitos da Criança. O objetivo da data é salientar e divulgar os direitos das crianças de todo o mundo. Em Portugal realizam-se atividades solidárias como é o exemplo do Dia Nacional do Pijama, onde as crianças vão de pijama para a escola, relembrando o direito de todas as crianças a terem um lar, uma família e a proteção da sociedade.

Declaração Universal dos Direitos das Crianças:

A Declaração dos Direitos da Criança foi adaptada da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tendo a seguinte redação:

-Todas as crianças têm o direito à vida e à liberdade.

-Todas as crianças devem ser protegidas da violência doméstica, do tráfico humano e do trabalho infantil.

-Todas as crianças são iguais e têm os mesmos direitos, não importando a sua cor, raça, sexo, religião, origem social ou nacionalidade.

-Todas as crianças devem ser protegidas pela família e pela sociedade.

-Todas as crianças têm direito a um nome e a uma nacionalidade.

-Todas as crianças têm direito a alimentação, habitação, recreação e atendimento médico.

-As crianças portadoras de deficiências, físicas ou mentais, têm o direito à educação e aos cuidados especiais.

-Todas as crianças têm direito ao amor, à segurança e à compreensão dos pais e da sociedade.

-Todas as crianças têm direito à educação.

-Todas as crianças tem direito de não serem violadas verbalmente ou serem agredidas por pais, avós, parentes, ou mesmo a sociedade.
KAILASH SATYARTHI,
GRANDE DEFENSOR DAS CRIANÇAS