O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) reúne desordens do desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. São elas: Autismo Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de Alto Funcionamento, Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (referência mundial de critérios para diagnósticos), pessoas dentro do espectro podem apresentar déficit na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Todos os pacientes com autismo partilham estas dificuldades, mas cada um deles será afetado em intensidades diferentes, resultando em situações bem particulares. Apesar de ainda ser chamado de autismo infantil, pelo diagnóstico ser comum em crianças e até bebês, os transtornos são condições permanentes que acompanham a pessoa por todas as etapas da vida.
Parte do TEA, distúrbio costuma se manifestar após os 2 anos de idade. Recentemente, explicamos a relação da Síndrome de Asperger com o Transtorno do Espectro Autista, e hoje vamos conhecer um pouco mais sobre outro ponto no espectro: o Transtorno Desintegrativo da Infância.
Assim como no caso do Asperger, precisamos voltar ao Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), que é a referência mundial na classificação e diagnóstico de distúrbios mentais. A quarta edição deste manual definia o autismo e o Transtorno Desintegrativo da Infância como condições diferentes dentro da categoria de Transtornos Gerais do Desenvolvimento.
Com o lançamento da nova versão do manual em 2013, o cenário mudou. O DSM-5 criou a classificação de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que reúne o autismo, o Transtorno Desintegrativo da Infância, o Asperger e outras condições dentro de um mesmo diagnóstico. Em todos estes distúrbios, o paciente apresenta déficit na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e em reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais.
Mas então o autismo e o Transtorno Desintegrativo da Infância são a mesma coisa? Não exatamente. Criança afetada perde habilidades motoras e de comunicação Também conhecido como Síndrome de Heller, o Transtorno Desintegrativo da Infância se manifesta como uma regressão acentuada no desenvolvimento da criança com mais de dois anos de idade. Imagine o seguinte: uma mãe e um pai brincam de noite com seu filho, que fala e anda como qualquer criança de sua idade. Eles constroem um castelo e montam uma batalha travada na porta do castelo com vários bonecos. Chega a hora de dormir e o menino vai para a cama. Então, no dia seguinte, a criança acorda sem conseguir se comunicar direito, e apresenta redução das habilidades motoras (construir o castelo se torna difícil) e da capacidade de entender situações figuradas (como brincar de faz de conta).
O tempo da regressão do desenvolvimento pode variar, sendo abrupto ou mais lento de acordo com cada caso. Mas no geral, antes dos dez anos, a criança com Transtorno Desintegrativo da Infância perde as habilidades já adquiridas em pelo menos duas das seguintes áreas: linguagem (expressiva ou receptiva), habilidades sociais, comportamento adaptativo, controle esfincteriano, as habilidades motoras e habilidade para jogos e brincadeiras. Assim como nas outras condições que formam do TEA, as causas do Transtorno Desintegrativo ainda são desconhecidas e o tratamento incluí terapias comportamentais acompanhadas por uma equipe médica multidisciplinar.
Principal diferença com o autismo é a idade de início dos sintomas Então, enquanto a diferença do autismo para o Asperger está na intensidade da manifestação do distúrbio, no caso do Transtorno Desintegrativo da Infância o diferencial é o momento de início da apresentação dos sintomas. No autismo, os primeiros sinais já podem ser visíveis antes dos 12 meses de idade. Por exemplo, o bebê não aponta com o dedinho, demonstra mais interesse nos objetos do que nas pessoas, não mantém contato visual e não olha quando é chamado.
Este começo tardio do Transtorno Desintegrativo da Infância, inclusive, foi usado como base da afirmação errônea de que vacinas causam autismo. Como a idade em que a regressão costuma se aprender é também a fase mais comum de vacinação das crianças, muitas famílias viram na coincidência destes fatores a causa real do TEA. No entanto, apesar do que sustentam os defensores do discurso anti-vacinação, mais de 20 pesquisas científicas realizadas em diferentes países do mundo comprovaram que não há nenhuma relação entre o uso de vacinas e a probabilidade de uma criança desenvolver autismo.
O TEA não atinge somente a criança, mas também leva, em muitos casos, uma sensação de fracasso aos seus cuidadores. Pais ou responsáveis por autistas têm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade e de humor, especialmente em casos de separação conjugal ou abandono afetivo por um dos cônjuges. Não raro, os pais choram no consultório, pois se veem perdidos e com expectativas frustradas em relação ao seu filho. Na perspectiva e na realidade familiar há perda de potencial econômico, restrição financeira (pois a criança deverá ocupar muito a atenção de um dos pais) e as intervenções interdisciplinares necessárias reduzem o tempo de lazer e de convívio recíproco do casal.
Assim, não considerá-lo como doença de nada adiantará, pois o transtorno é um gerador de desestabilização da saúde tanto da criança quanto daqueles que a cercam. Os agentes políticos devem se sensibilizar para que sejam criadas estratégias para aliviar este ciclo nocivo onde a falta de uma atenção primária tem feito os pais de crianças com TEA buscarem recursos sem salvaguardas ou garantias de que realmente estão no caminho certo das evidências científicas.
Autismo não é Doença (TEA)!
Depoimento de um Pai - Emocionante
Dicas para professores que trabalham com crianças Autistas
Muitos profissionais da educação se veem diante de um desafio quando precisam se perguntar: como trabalhar com autismo? Embora a resposta ofereça um leque de argumentos, a prática em si não é impossível e de alta complexidade, como muitos pensam. Tudo isso, porém, se os professores souberem que cada criança é única e ela precisa de um tratamento especial, mas sem estabelecer uma barreira entre os alunos autistas e os demais estudantes.
O autismo é um transtorno neurobiológico, mas que se for submetido a um tratamento adequado, pode ser amenizado e oferecer à pessoa uma vida normal, inclusive na fase escolar. Para saber como dar à criança autista uma educação escolar satisfatória, veja abaixo algumas dicas que vão ajudar vários profissionais que procuram se aperfeiçoar na docência sem exclusão.
– Mantenha um diálogo constante com os pais da criança e outros especialistas Para estabelecer uma ótima relação com o aluno autista, nada melhor que o contato com os pais do estudante e com os especialistas que o acompanham no tratamento. É importante que haja essa troca de informações que têm por objetivo conhecer mais quais são as necessidades e os desafios que a criança precisa superar. É sempre bom ressaltar que os professores tenham uma agenda onde possam anotar todas as habilidades conquistadas, assim como as dificuldades.
– Estimule a criança com o que ela demonstrou mais afeição Se a criança manifestar interesse em algum personagem de desenho, por exemplo, estabeleça exercícios baseados nessa predileção. Problemas de matemática e construção de frases com os desenhos que ela mais gosta são uma ótima alternativa. Se suas aulas forem mais interativas, procure cantar para explicar uma situação que tenha a ver com a explicação.
– Peça à criança que ela faça tudo em partes Cada exercício de cada vez. É imprescindível que os professores reconheçam o ritmo da criança e não peça que ela faça todas as atividades de uma vez. Deixe que ela descubra suas habilidades, com o seu auxílio, e até mesmo suas dificuldades para que você possa trabalhá-las com prioridade e fazer com que ela aprenda com segurança.
– Utilize objetos e acessórios que podem estimular a atenção visual da criança Um dos segredos para ensinar algo a um aluno autista é chamar sua atenção com objetos que despertem interesse. Portanto, quando você utiliza figuras, fotos e outros itens visuais para explicar durante as aulas, a criança pode aprender de forma satisfatória.
– Sempre tenha e demonstre paciência Crianças autistas podem apresentar comportamentos alterados e, por conta disso, demorar um pouco para se acalmar depois de uma birra, por exemplo. É importante que o professor reconheça a origem desse comportamento (por isso, a conversa com familiares e profissionais especialistas é imprescindível) e logo depois tente chamar a atenção do aluno com algum objeto que desperte o seu interesse e vá acalmando-o aos poucos. Jamais fale alto ou demonstre irritabilidade. Paciência é tudo!
– Prepare o aluno para eventuais mudanças de rotina Quando houver a necessidade de mudar algo na rotina da criança, tente prepará-la levando-a ao lugar e ou à atividade que ela terá de fazer. A partir do comportamento dela, veja quais serão os desafios a serem superados.
Estas dicas acima são apenas algumas que podem auxiliar professores em uma relação satisfatória com um aluno autista. Entretanto, vale lembrar que o contato com a família e os terapeutas que o acompanham é essencial.